quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Qual é o valor de uma opinião?

Veja essa coluna e depois leia a minha visão sobre isso:

http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/o-debate-na-band-aecio-neves-foi-o-melhor-no-show-de-horrores/

É impressionante o quanto uma pessoa consegue em tão pouco espaço ser tão agressiva, prepotente, simplista e ignorante.
A análise de Rodrigo Constantino, em uma coluna de bloguista da Veja, é recheada de uma série de achismos, um ambicioso e malfadado simplismo e, acima de tudo, uma análise parcial.
O ato político é uma das ações mais complexas da sociedade, demanda uma série de conhecimentos, dentre eles, no mínimo, de economia, de filosofia e sobre sociologia. Se valer de apenas um destes vieses para adotar a defesa de um ponto de vista torna a análise enfadonha e sem nexo.
Portanto, calçado nas sandálias de São Francisco e vestido na filosofia socrática, deixo aqui minha análise um pouco mais profunda, todavia, possivelmente, a mais imparcial.
Parece que a defesa do livre mercado é algo tão fundamental para o colunista que toda e qualquer ação de intervenção do Estado se torna algo cancerígeno. Se a pessoa em questão gastasse o mínimo possível de tempo, para não dizer a “massa cinzenta”, notaria que a participação estatal no governo é mínima, exceto diretamente no controle de uma estatal, a Petrobras. Com um pouco mais de aprofundamento poderia compreender que a ação das agências reguladoras são de interesse público, nunca o privado, assim sendo têm o dever de regular o mercado.
Essa ação é utilizada não apenas pelo governo Dilma, basta parar observar o receituário do governo tucano em São Paulo, que faz “malabarismo” político para evitar um racionamento que é inevitável, mantendo a cobrança em mesmos patamares da época da fartura de água. Pior que isso, evita realizar um estudo mais aprofundado para realizar ações concretas para um planejamento de longo prazo, evitando uma futura catástrofe urbana, pois o desabastecimento é um pesadelo quase real. As consequências abrangem desde uma fuga de empresas da região metropolitana, no plano econômico, até epidemias medievais, as quais poderão ser ocasionadas pelo lençol freático poluído que adentra canos de abastecimento com pressão reduzida devido ao esvaziamento.
Falar de corrupção como algo exclusivo do PT é quase como ouvir a fábula “A Roupa Nova do Rei” e acreditar que trata-se de verdade inocente.
Não devemos nos esquecer de que interesses diversos não nos deram a oportunidade de saber realmente o que ocorreu no caso tucano do metrô paulista, ou do porto de Suape durante o governo, do agora santo ou mártir, Eduardo Campos. Não vou nem falar do “Mineroduto Tucano”, o mensalão mineiro abafado pela mídia.
Crescimento econômico sem nenhuma preocupação com a desigualdade social sempre foi uma marca das oligarquias brasileiras, tanto as do agronegócio, secular, quanto as industriais, comandadas por FIESP e associados.
Falar em Estado mínimo é muito fácil, porém se esquecer que a elevação da carga tributária é um receituário tucano, que segue o Consenso de Washington, é algo realmente no mínimo parcial, pra não dizer até mesmo, que é crer que boa parte da nova classe média brasileira não adquiriu nenhum tipo de desenvolvimento intelectual.
A realidade política não pode ser tratada como algo maniqueísta, como se práticas de Estado intervencionistas sejam tratadas como bolivarianismo. Isto se chama keynesianismo. Ser defensor inconsequente da prática de livre mercado é beirar o viés fascista, porque trata boa parte da população como massa de manobra, uma espécie de exército de reserva, utilizada ao bel prazer de poucos.
Defender Aécio Neves como um bom administrador é simplesmente tapar o sol com uma colher de café. É esquecer-se da fatídica Lei 100, do estado de Minas, de cunho previdenciário. Algo pitoresco pra não dizer carnavalesco. Assim como esquecer a extinção do FUNPEMG, na administração do seu “preparado” sucessor. O que acaba por confirmar como são tratadas as contas públicas em Minas. Além de que isso demonstra a “valorização” do funcionalismo público mineiro.
Tratar Marina Silva como uma espécie de política sem “rosto”, ou seja, sem um lado definido é até meio agressivo. Só se pode ter posição política agora só se for extrema direita ou extrema esquerda? Será que não passou pelo seu entendimento que esta postura se enquadra em social-democrata? Isso sem contar que a postura dela foi a mais centrada possível. Julgar uma pessoa pelo “perda” em vez de “perca” é fatigante. Na minha análise lembro do velho provérbio popular: “Ninguém chuta cachorro morto!!”. Quanta preocupação com ela! Até ser acusada de ambientalista, uma adversária teórica do agronegócio, foi sugerido. Como se produtividade agropecuária não coexistisse com ambientalismo. Depende muito de tecnologia e planejamento!
Já tivemos um Dr. sociólogo Sorbonne, que falava muito bem. E comemorava o acesso do brasileiro ao frango. Sinceramente... prefiro comemorar meu acesso à casa própria, às viagens turísticas e acesso ao consumo de bens que jamais pensei que teria. Sei que isso não é tudo. Mas, é muito mais do que o candidato desse grupo tem a me oferecer. Com esse grupo passei 12 (DOZE) anos de arrocho salarial para bancar um chamado “choque de gestão”. Quase morri eletrocutado de fome! (sic)
Falar da realidade sem saber como ela se desenrola no cotidiano é algo meio fantasioso. Em momento nenhum o colunista fala de questões práticas, a saber: valorização da educação começando pelo seu alicerce, o professor. Que é desvalorizado em todos os aspectos: financeiro, psicológico e de condições de trabalho, inclusive a de segurança.
A reforma das leis como um todo, não apenas da redução da maioridade penal.
A insuficiente formação de profissionais da área de saúde, que não atende a demanda pelo serviço.
A discussão de reformas práticas: fiscal, política e previdenciária. Que gerariam uma melhor arrecadação e consertaria as contas públicas. Sem contar a lisura na via política passaria um axioma. Assim como um planejamento do pagamento e até mesmo, uma renegociação da dívida pública, que consome quase metade dos recursos públicos. Nada disso foi explorado pelo interlocutor do exame do debate. Mas, ainda teve aberrações piores!
Utilizar-se do expediente crítico sem fundamentos, na pior das hipóteses, é ser preconceituoso. Criticar candidatos menos favorecidos pela mídia, tais como Luciana Genro, Pastor Everaldo, Levy Fidélix e Eduardo Jorge como “fonte errada”, “aprendiz de liberalismo através de Twitter” ou “defensora de liberalização de causas menores (aborto, drogas, homossexualismo, etc)”, e sugerir que um deles estivesse “drogado” é passível, com um estudo e um debate mais aprofundado, de processo. Causa que poderia ser embasada em calúnia ou difamação.
Sua ação no blog, Rodrigo Constantino, beira um proselitismo descabido. Você não é o dono da verdade. Seu talento para inquisidor veio alguns séculos atrasados. Chega a ser medieval.
Procure entender, liberdade de expressão é um pressuposto básico de todo cidadão brasileiro, assim como para a imprensa, mas sua prerrogativa reside no respeito às leis constitucionais, de não ocasionar constrangimento ilegal a outrem.
Sinceramente? Exceto ao comitê do candidato do PSDB, que foi muito bem tratado em sua “crítica”, postarei esta minha resenha em todos os comitês dos outros candidatos. Os quais, na melhor das hipóteses, foram injustamente analisados.

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