Veja essa coluna e depois leia a minha visão sobre isso:
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/o-debate-na-band-aecio-neves-foi-o-melhor-no-show-de-horrores/
É impressionante o quanto uma pessoa consegue em tão pouco espaço
ser tão agressiva, prepotente, simplista e ignorante.
A análise de Rodrigo Constantino, em uma coluna de bloguista da
Veja, é recheada de uma série de achismos, um ambicioso e malfadado
simplismo e, acima de tudo, uma análise parcial.
O ato político é uma das ações mais complexas da sociedade,
demanda uma série de conhecimentos, dentre eles, no mínimo, de
economia, de filosofia e sobre sociologia. Se valer de apenas um
destes vieses para adotar a defesa de um ponto de vista torna a
análise enfadonha e sem nexo.
Portanto, calçado nas sandálias de São Francisco e vestido na
filosofia socrática, deixo aqui minha análise um pouco mais
profunda, todavia, possivelmente, a mais imparcial.
Parece que a defesa do livre mercado é algo tão fundamental para o
colunista que toda e qualquer ação de intervenção do Estado se
torna algo cancerígeno. Se a pessoa em questão gastasse o mínimo
possível de tempo, para não dizer a “massa cinzenta”, notaria
que a participação estatal no governo é mínima, exceto
diretamente no controle de uma estatal, a Petrobras. Com um pouco
mais de aprofundamento poderia compreender que a ação das agências
reguladoras são de interesse público, nunca o privado, assim sendo
têm o dever de regular o mercado.
Essa ação é utilizada não apenas pelo governo Dilma, basta parar
observar o receituário do governo tucano em São Paulo, que faz
“malabarismo” político para evitar um racionamento que é
inevitável, mantendo a cobrança em mesmos patamares da época da
fartura de água. Pior que isso, evita realizar um estudo mais
aprofundado para realizar ações concretas para um planejamento de
longo prazo, evitando uma futura catástrofe urbana, pois o
desabastecimento é um pesadelo quase real. As consequências
abrangem desde uma fuga de empresas da região metropolitana, no
plano econômico, até epidemias medievais, as quais poderão ser
ocasionadas pelo lençol freático poluído que adentra canos de
abastecimento com pressão reduzida devido ao esvaziamento.
Falar de corrupção como algo exclusivo do PT é quase como ouvir a
fábula “A Roupa Nova do Rei” e acreditar que trata-se de verdade
inocente.
Não devemos nos esquecer de que interesses diversos não nos deram a
oportunidade de saber realmente o que ocorreu no caso tucano do metrô
paulista, ou do porto de Suape durante o governo, do agora santo ou
mártir, Eduardo Campos. Não vou nem falar do “Mineroduto Tucano”,
o mensalão mineiro abafado pela mídia.
Crescimento econômico sem nenhuma preocupação com a desigualdade
social sempre foi uma marca das oligarquias brasileiras, tanto as do
agronegócio, secular, quanto as industriais, comandadas por FIESP e
associados.
Falar em Estado mínimo é muito fácil, porém se esquecer que a
elevação da carga tributária é um receituário tucano, que segue
o Consenso de Washington, é algo realmente no mínimo parcial, pra
não dizer até mesmo, que é crer que boa parte da nova classe média
brasileira não adquiriu nenhum tipo de desenvolvimento intelectual.
A realidade política não pode ser tratada como algo maniqueísta,
como se práticas de Estado intervencionistas sejam tratadas como
bolivarianismo. Isto se chama keynesianismo. Ser defensor
inconsequente da prática de livre mercado é beirar o viés
fascista, porque trata boa parte da população como massa de
manobra, uma espécie de exército de reserva, utilizada ao bel
prazer de poucos.
Defender Aécio Neves como um bom administrador é simplesmente tapar
o sol com uma colher de café. É esquecer-se da fatídica Lei 100,
do estado de Minas, de cunho previdenciário. Algo pitoresco pra não
dizer carnavalesco. Assim como esquecer a extinção do FUNPEMG, na
administração do seu “preparado” sucessor. O que acaba por
confirmar como são tratadas as contas públicas em Minas. Além de
que isso demonstra a “valorização” do funcionalismo público
mineiro.
Tratar Marina Silva como uma espécie de política sem “rosto”,
ou seja, sem um lado definido é até meio agressivo. Só se pode
ter posição política agora só se for extrema direita ou extrema
esquerda? Será que não passou pelo seu entendimento que esta
postura se enquadra em social-democrata?
Isso sem contar que a
postura dela foi
a mais centrada possível. Julgar uma pessoa pelo “perda” em vez
de “perca” é fatigante. Na minha análise lembro do velho
provérbio popular: “Ninguém
chuta cachorro morto!!”.
Quanta preocupação com ela! Até ser acusada de ambientalista, uma
adversária teórica do agronegócio, foi sugerido. Como se
produtividade agropecuária não coexistisse com ambientalismo.
Depende muito de tecnologia e planejamento!
Já tivemos um Dr. sociólogo
Sorbonne, que falava muito bem. E comemorava o acesso do brasileiro
ao frango. Sinceramente... prefiro comemorar meu acesso à casa
própria, às viagens turísticas e acesso ao consumo de bens que
jamais pensei que teria. Sei que isso não é tudo. Mas, é muito
mais do que o candidato desse grupo tem a me oferecer. Com esse
grupo passei 12 (DOZE) anos de arrocho salarial para bancar um
chamado “choque de gestão”. Quase morri eletrocutado de fome!
(sic)
Falar da realidade sem saber como ela se desenrola no cotidiano é
algo meio fantasioso. Em momento nenhum o colunista fala de questões
práticas, a saber: valorização da educação começando pelo seu
alicerce, o professor. Que é desvalorizado em todos os aspectos:
financeiro, psicológico e de condições de trabalho, inclusive a de
segurança.
A reforma das leis como um todo, não apenas da redução da
maioridade penal.
A insuficiente formação de profissionais da área de saúde, que
não atende a demanda pelo serviço.
A discussão de reformas práticas: fiscal, política e
previdenciária. Que gerariam uma melhor arrecadação e
consertaria as contas públicas. Sem contar a lisura na via política
passaria um axioma. Assim como um planejamento do pagamento e até
mesmo, uma renegociação da dívida pública, que consome quase
metade dos recursos públicos. Nada disso foi explorado pelo
interlocutor do exame do debate. Mas, ainda teve aberrações
piores!
Utilizar-se do expediente crítico sem fundamentos, na pior das
hipóteses, é ser preconceituoso. Criticar candidatos menos
favorecidos pela mídia, tais como Luciana Genro, Pastor Everaldo,
Levy Fidélix e Eduardo Jorge como “fonte errada”, “aprendiz de
liberalismo através de Twitter” ou “defensora de liberalização
de causas menores (aborto, drogas, homossexualismo, etc)”, e
sugerir que um deles estivesse “drogado” é passível, com um
estudo e um debate mais aprofundado, de processo. Causa que poderia
ser embasada em calúnia ou difamação.
Sua ação no blog, Rodrigo Constantino, beira um proselitismo
descabido. Você não é o dono da verdade. Seu talento para
inquisidor veio alguns séculos atrasados. Chega a ser medieval.
Procure entender, liberdade de expressão é um pressuposto básico
de todo cidadão brasileiro, assim como para a imprensa, mas sua
prerrogativa reside no respeito às leis constitucionais, de não
ocasionar constrangimento ilegal a outrem.
Sinceramente? Exceto ao comitê do candidato do PSDB, que foi muito
bem tratado em sua “crítica”, postarei esta minha resenha em
todos os comitês dos outros candidatos. Os quais, na melhor das
hipóteses, foram injustamente analisados.
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